Agustinho Ricca
(PT)


Agostinho Ricca Gonçalves nasceu no Porto a 9 de julho de 1915.
Nesta cidade frequentou o Curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes do Porto, que concluiu em 1941 com a classificação de 18 valores. Foi discípulo de Marques da Silva. Durante o curso obteve dois prémios, o prémio de Modelo Vivo, do 2.º ano, e o prémio "Concurso das 3 Artes".
Depois da licenciatura estagiou no Gabinete do arquiteto Januário Godinho, integrou o Gabinete de Urbanização da Câmara Municipal do Porto (1940-1945), onde colaborou com o arquiteto italiano Giovanni Muzio no 1.º Plano de Urbanização da Cidade (1893-1982) e trabalhou com Rogério de Azevedo (1941) na Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, nomeadamente no restauro do edifício dos Paços dos Duques de Bragança, na cidade de Guimarães. A partir de 1943 começou a exercer a profissão de arquiteto em regime liberal. Associou-se ao I Congresso Nacional de Arquitetura (1948), ajudou a fundar a Organização dos Arquitetos Modernos, participou na exposição da ODAM realizada no Ateneu Comercial do Porto (1951), na III Bienal de S. Paulo (1952), no III Congresso da União Internacional de Arquitetos (1953), em Lisboa, e, mais tarde, na "Exposição de Arquitetura Portuguesa Contemporânea: Anos 60 – Anos 80", decorrida na Fundação de Serralves, no Porto, em 1991. Em 1953, o Arquiteto e Professor Carlos Ramos convidou-o a lecionar a cadeira de Arquitetura, da ESBAP, funções que aceitou, embora as viesse a abandonar em 1959 por motivos políticos. Regressou ao ensino em 1977. Em 1980, abandonou-o definitivamente.
Nas muitas viagens que fez pela Europa e pela América ao longo da sua carreira (Finlândia, Alemanha, Holanda, Suiça, E.U.A., etc.) procurou estudar as grandes obras de Arquitetura, não só dos pioneiros da modernidade, mas também das novas gerações de arquitetos. Estas experiências ajudaram-no a criar uma obra original, na qual valorizou aspetos como a excelência do lugar e as propriedades dos materiais. E a produzir uma arte que reflete a sua paixão por outras artes, como a pintura, a escultura e a música.
Na primeira fase da sua carreira terá sido influenciado pela arquitetura das Beaux-Arts, de Victor Laloux (1850-1937) e Willem Dudock (1884-1969); na seguinte deixou-se seduzir pelo modernismo de Alvar Aalto (1898-1976), Le Corbusier (1887-1965) ou Frank Lloyd Wright (1867-1959); por fim, recebeu a inspiração do pós-modernismo, de arquitetos como Jean Nouvel (1945-) ou Carlo Scarpa (1906-1978).
Entre as suas obras arquitetónicas podem destacar-se o Concurso de remate da Rua Júlio Dinis e Praça Mouzinho de Albuquerque, com Benjamim Carmo (1956); a Torre de Habitação, Rua Júlio Dinis (1960-1961); o Parque Residencial da Boavista (1962-1973), em colaboração com João Serôdio e José Carlos Magalhães Carneiro, que contempla a Igreja de Nossa Senhora da Boavista (1975-1979), decorada, entre outros, por Júlio Resende e Zulmiro de Carvalho; o Projeto para o "Palácio da Música", para o Parque da Cidade (não concretizado), no Porto; a casa da praia de Valadares (1962), Vila Nova de Gaia; a Câmara Municipal de Santo Tirso (1970); os edifícios industriais da EFACEC, em Leça do Balio (1948/1984); o Palácio da Justiça de Baião (anos Oitenta); o Santuário de Santo António, Vale de Cambra (1993); a Igreja da Sagrada Família, Chaves (1995); e o projeto para um Instituto do Padre Himalaya, apresentado na XI Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira (2001).
Morreu a 17 de janeiro de 2010, com 94 anos de idade.


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