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Na obra dos irmãos Manuel e Francisco Aires Mateus deparamos com um exercício de
Imaginário livre, depurado, lírico e místico até na sua pureza de linhas e de
cor, como convém a uma sensibilidade moderna e modernista. Encontramos nas suas
obras a função essencial da relação com a natureza e a vida. Não falamos de
utilitarismo simplista mas sim de respeito, um sentimento mais nobre. Quem
habita a casa gosta de ser amado pela casa que habita, quem visita um espaço
gosta de se sentir bem acolhido. Assim, com elegância e nobreza se recriam
espaço e tempo - as medidas do Ser. Na paisagem rural a casa está envolvida
pelo corpo da terra-mãe. Na paisagem citadina brilha a luz que reflete todos os
cambiantes. O prazer do espaço amplo nas zonas de convívio define uma ideia de
generosa partilha de vida: uma vida que se deseja fraterna e aberta na sua
circulação e na sua respiração. A pureza das linhas traz à memória arquétipos
como os das construções do antigo Egito - uma civilização que harmonizava o
Belo com a função exigida. Por alguma razão os grandes arquétipos foram e são o
Belo, o Bom e o Verdadeiro. O verdadeiro é bom por natureza e por isso é
igualmente belo. A arquitetura do futuro é como esta uma arquitetura da
verdade: estética e ética formam os seus pilares, sem que em nada se prejudique
ou perca a liberdade da imaginação.