Viana de Lima
(PT)


Alfredo Evangelista Viana de Lima nasceu em Esposende a 18 de agosto de 1913. Era filho único de Alfredo Viana de Lima, professor primário, e de Joaquina de Campos Evangelista de Lima. Em 1929 matriculou-se no curso de Arquitetura da Escola de Belas-Artes do Porto. De seguida, entre 1938 e 1941 estagiou na Secção dos Monumentos Nacionais do Ministério das Obras Públicas, sob a orientação do Arquiteto Rogério de Azevedo. Em 1941 alcançou o diploma de Arquiteto com o trabalho "Biblioteca-Arquivo para o Ensino Universitário", que foi classificado com dezanove valores. Para melhor compreender os problemas da Arquitetura e do Urbanismo percorreu vários países, entre os quais a Bélgica, a Espanha, a França, a Holanda, a Inglaterra, a Jugoslávia, a Itália, a Suécia, a Suíça e o Brasil. Em 1948, com 35 anos, apresentou ao I Congresso Nacional de Arquitetura, realizado em Lisboa, a tese sobre "O Problema Português de Habitação". Membro da Organização dos Arquitetos Modernos (ODAM 1947-1952), sedeada no Porto, associou-se, desde 1951, a todos os congressos internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM), tendo apresentado no X Congresso (1956, Dubrovnik), com os colegas Octávio Lixa Filgueiras e Fernando Távora, uma tese sobre a recuperação de uma comunidade do nordeste transmontano. A partir dos anos 60 dedicou-se ao levantamento e recuperação de edifícios históricos e ao planeamento de zonas urbanas antigas. A 30 de janeiro de 1960 foi contratado como consultor urbanista da Câmara Municipal de Bragança, tendo elaborado o Plano Regulador da cidade, e, em 1961, foi nomeado Assistente da Escola Superior de Belas Artes do Porto. A partir de 1968, e depois de ter feito parte da Comissão Organizadora da Exposição de Arte e de Arquitetura Portuguesa, integrada nas comemorações do IV Centenário do Rio de Janeiro, começou a colaborar com o arquiteto brasileiro Óscar Niemeyer (1907-), nomeadamente no projeto de Empreendimento Turístico de Pena Furada, no Algarve (1965) e no Casino Park Hotel da Madeira (1966). Entre 1968 e 1977 visitou o Brasil com frequência, na qualidade de consultor da UNESCO, para estudar o Plano Diretor da cidade histórica de Ouro Preto, ameaçada de corrosão. Elaborou, igualmente, estudos e planos de reabilitação e expansão de cidades históricas no Maranhão, em Alagoas e em Sergipe, e levou a cabo missões de estudo e de intervenção patrimonial em Rondônia. Também foi autor de diversas intervenções noutras áreas da Ásia e da África, onde a presença portuguesa se fez sentir. Em 1969 tornou-se membro da Associação Internacional Le Corbusier.  Em 1974 ascendeu ao cargo de Professor da ESBAP, tendo participado em seminários de instituições brasileiras entre 1974 e 1976. Em 1977 foi indigitado Presidente da Comissão Nacional do Património Arquitetónico Europeu e nomeado Presidente da Comissão Organizadora do Instituto de Salvaguarda do Património Cultural e Natural (1977-1980) e consultor do CRUARB (Comissariado para a Renovação Urbana da Área da Ribeira/Barredo), no Porto. Em 1981 viajou até Moçambique, por incumbência da Fundação Calouste Gulbenkian, para estudar medidas de preservação da ilha. Dois anos mais tarde, em comissão de serviço, passou a lecionar na Escola de Belas-Artes de Lisboa e foi nomeado Conselheiro da Universidade Técnica de Lisboa, tornando-se, assim, professor das duas escolas de arquitetura então existentes em Portugal. Foi autor, entre outras obras, do Plano de Urbanização de Bragança, do de Valença do Minho, do da Vila da Feira; foi autor, ainda, do complexo hospitalar de Bragança, de 1957 (Hospital Distrital, Casa Mortuária, Hospital de Dia, Dispensário de Higiene Mental, Lar e Escola de Enfermagem, etc.); do Edifício do Montepio e de algumas moradias, em Bragança; do Mercado Municipal de Vinhais; da execução de projetos de colónias de férias para crianças, em Lamego e na Torreira; da Casa da Rua Honório de Lima (1939), da Casa Joaquim Malheiro Pereira, do Edifício Sá da Bandeira (de 1943, que não chegou a ser construído), da Casa Aristides Ribeiro ou Casa do Passal (1949), da Casa Maria Borges, em colaboração com Osvaldo Santos Silva (1951), do Edifício de Habitação na Rua de Costa Cabral, 750 (1953), do Bloco de Gaveto da Rua de Guilherme da Costa Carvalho, 29/25/23/21/12/1 e Rua do Bonjardim, 235 (1955), da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (1961-1974); da Casa das Marinhas, Esposende (1954) e do Palácio de Santa Maria da Feira (1974). Alguns destes projetos arquitetónicos (como o da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, o da Casa de Aristides Ribeiro, o da Casa das Marinhas e o do Hospital Regional e Centro de Saúde Mental de Bragança) são consensualmente considerados como obras fundamentais para a compreensão da Arquitetura Moderna Portuguesa, e, por esse motivo, estão em processo de classificação pelo IPPAR, para sua proteção e salvaguarda. Viana de Lima morreu no Porto, em 27 de dezembro de 1991. Por essa altura, o Arquiteto encontrava-se a trabalhar no restauro da Torre de Menagem de Arzila, em Marrocos.