Francisco Oliveira Ferreira (PT)

 
Francisco de Oliveira Ferreira nasceu no n.º 100-102 da rua portuense de Belmonte, em 25 de setembro de 1884. Era o terceiro filho do casal Henrique Gomes e Maria da Anunciação de Oliveira Ferreira, proprietários de uma pastelaria. O seu irmão mais velho chamava-se António, o seguinte José, e a mais nova Rita. Por volta de 1888 a família transferiu-se do Porto para o lugar do Candal, em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, mas manteve em funcionamento a pastelaria, que se localizava nas proximidades da Alfândega, onde Francisco veio mais tarde a trabalhar. Dois anos depois, em 1890, os Oliveira Ferreira voltaram a mudar-se, desta vez para a Quinta da Beleza, na Rua do Choupelo, pertença da mesma freguesia gaiense.
No final do século XIX Francisco terminou os estudos primários na Escola das Palhacinhas e ingressou na Escola Industrial Passos Manuel, ambas em Vila Nova de Gaia.
Entre 1901 e 1906 frequentou o curso de Arquitetura Civil na Academia Portuense de Belas Artes, onde foi aluno dos mestres Marques da Silva, José Sardinha, José de Brito e José Teixeira Lopes, entre outros. Segundo alguns dos seus biógrafos terá também estudado nas Beaux Arts, em Paris. Francisco de Oliveira Ferreira montou um atelier no Porto, no n.º 203 da Rua Alexandre Herculano. Colaborou com o arquiteto José Teixeira Lopes, de quem foi discípulo, e também trabalhou, de forma assídua, com o irmão, o escultor José de Oliveira Ferreira, com quem, aliás, ganhou o concurso para o Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular a construir em Lisboa (1909). No dia do seu 28.º aniversário casou com Leonor Berta Pereira, e no ano seguinte nasceu o seu primogénito, Francisco de Oliveira Ferreira.
Em 1925 obteve o diploma de arquiteto, depois de dezanove anos de atividade profissional. Esta demora tem a sua explicação na morosidade das reformas legislativas e educativas então em curso em Portugal. Nos anos 30 participou em diversas atividades culturais e cívicas. Integrou a Fundação dos Amigos do Mosteiro da Serra do Pilar e foi autor dos primeiros trabalhos de restauro deste edifício. Fez parte da Comissão Organizadora da Exposição de Documentos Artísticos e Científicos e de Recordações do Barão de Forrester, na Serra do Pilar (1930), da Comissão Executiva e Organizadora da Exposição Histórica do Vinho do Porto, no Salão Silva Porto (1932), da Comissão organizadora das Comemorações do Centenário do Município de Gaia e foi sócio-fundador da Sociedade da Praia de Vila do Conde.
Entre 1935 e 1939 viajou pelo país para conceber 60 desenhos representativos de monumentos arquitetónicos emblemáticos, com tipologias variadas, obra a que chamou "Preciosidades Nacionais." Em 1942 sofreu um grande desgosto com a morte do irmão, colega e amigo, José de Oliveira Ferreira. Nesta fase da sua vida, mudou-se da Aguda, onde então residia, para a Casa-oficina de Escultura na praia de Miramar, construída em colaboração com o seu falecido irmão. Seria nesta casa que Francisco viria a morrer a 30 de dezembro de 1957.
Francisco de Oliveira Ferreira foi um profissional aplicado e atento às novas correntes arquitetónicas de meados do século XX, nomeadamente à Arte Nova, que conheceu de perto nas muitas viagens realizadas pela Europa. Estas correntes inspiraram a produção de projetos inovadores e marcantes no norte do país, em especial nas cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia, entre os quais se pode destacar a "Clínica Sanatorial Heliantia" (1926-1930).
Ferreira foi igualmente um excelente desenhador, um estudioso de novas técnicas e materiais arquitetónicos e demonstrou sempre um grande interesse pela Arte e pela Arqueologia. De tal forma, que chegou a fazer uma reconstituição da célebre muralha gótica da cidade do Porto.