PORTO K3
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P1/P2/P3/P4/P5/P6/P7/P8/P9/P10/P11/P12/P13/P14/P15/P16/P17/P18/P19 (Teatro S. João / Igreja do Terço / Igreja S. Ildefonso / Café Majestic / Pérola do Bolhão / Capelas das Almas / Mercado do Bolhão / Igreja da Trindade / Palacete dos Viscondes de Balsemão / Igreja do Carmo / Igreja das Carmelitas /  Instituto Abel Salazar / Hospital de S. António / Reitoria da Universidade do Porto / Livraria Lello / Edifício Nº75-79, Rua Cândido dos Reis / Igreja da Misericórdio do Porto / Estação de S. Bento / Igreja dos Congregados)



P1/P2/P3/P4/P5/P6/P7 (Teatro S. João / Igreja do Terço / Igreja S. Ildefonso / Café Majestic / Pérola do Bolhão / Capelas das Almas / Mercado do Bolhão)

Teatro São João (P1)
Foi a sul da referencial Praça da Batalha que se ergueu o conhecido "Teatro de S. João", no mesmo local onde avultava o teatro de ópera do mesmo nome, edificado entre 1796 e 1798, segundo projeto do arquiteto italiano e cenógrafo do Teatro de S. Carlos, Vicente Mazzoneschi, e intervenção pontual do pintor António de Domingos Sequeira (1768-1837), e que um incêndio acabaria por destruir em 1908. Não era, porém, a primeira sala de espetáculos a funcionar nesta zona. Antes desta, existira, no sítio denominado "Corpo da Guarda" (do século XVI), outra casa de espetáculos instalada numas dependências do desaparecido palácio (também conhecido por "Palácio do Governo") dos condes de Miranda, marqueses de Arronches e duques de Lafões, senhores de vastas terras. Inaugurado em 1760 para comemorar, com ópera lírica, o casamento da futura D. Maria I (1734-1816) com seu tio paterno, o futuro rei consorte D. Pedro III (1717-1786) - na altura, ainda príncipe do Brasil -, o teatro foi riscado pelo pintor João Glama Stroberle (1708-1792).
Foi, todavia, em 1793 que o corregedor e provedor da comarca do Porto, Francisco de Almada e Mendonça (1757-1804), tentou obter parte do terreno da muralha fernandina para edificar um novo teatro na cidade, enquanto promovia a renovação urbanística da Póvoa de Varzim. Filho do governador geral da província e da cidade do Porto, João de Almada e Melo (1757-1786) - que, entre 1757 e 1786, residira, precisamente, no palácio de Miranda (vide supra) -, a quem se deve a introdução do teatro lírico no Porto no supracitado edifício do "Corpo da Guarda" (vide supra) -, atribuem-se a esta marcante personalidade portuense as consideráveis alterações e beneficiações operadas ao longo do último quartel do século XVIII na principal urbe nortenha, numa altura em que, tal como sucedia em Lisboa, o poder central tentava tirar proveito das consequências do terramoto de 1755 para introduzir uma nova disposição urbanística, num claro reflexo da mais recente política implementada pelo Marquês de Pombal (1699-1782), aliás, primo de João de Almada.
Originalmente apelidado de Real Teatro de S. João, em homenagem ao então príncipe regente e futuro D. João VI (1767-1830) - a par do nome escolhido para o Teatro de S. Carlos, em honra a sua esposa, D. Carlota Joaquina de Bourbon (1775- 1830) -, o atual teatro foi projetado pelo arquiteto José Marques da Silva (1869-1947), que, influenciado pelo restauro do Théâtre d'Amiens, introduziu linhas arquitetónicas e uma gramática decorativa bastante aproximadas às de outras obras da sua autoria, como a "Estação de S. Bento", embora S. João apresente, exteriormente, uma coloração muito própria, semelhante à granítica.
Inaugurado dois anos depois de ter sido terminado, em 1920, terão sido os padrões italianos e franceses a inspirar fortemente a decoração da sala de espetáculos (disposta em forma de ferradura) e dos avant-foyer e foyer, da autoria dos escultores Henrique Araújo Moreira (1890-?) - bastante representado na estatuária pública do Porto -, Diogo de Macedo (1889-?) - que foi também musicólogo e escritor, crítico de arte e diretor do Museu Nacional de Arte Contemporânea - e José Fernandes de Sousa Caldas (1900-?), aos últimos dos quais competiria também modelar as quatro figuras presentes no friso do entablamento do alçado principal, alusivas à Bondade, Dor, Ódio e Amor, enquanto o consagrado artista José de Brito (1855-1946), e Acácio Lino de Magalhães (1878-1956), pintaram o teto da sala de espetáculos. Quanto aos elementos localizados nas fachadas laterais, tais como máscaras, festões e frutos, foram executados pelo escultor Joaquim Gonçalves da Silva. A partir da década de trinta, o edifício serviu, quase em exclusivo, para exibições cinematográficas, sendo reabilitado em 1995 pelo IPPAR, com projeto assinado pelo arquiteto João Carreira.


Igreja do Terço (P2) 
Esta igreja está situada na Rua Cimo de Vila e as suas origens prendem-se com a devoção e fé cristã em volta do terço. Conta-se que naquela rua e nas ruas contíguas existia um grupo de moradores que em devoção à Nossa Senhora do Terço se juntavam à noite e em conjunto rezavam o terço, num oratório que existiu próximo do local onde hoje se encontra a igreja. Vendo isto o padre Geraldo Pereira em conjunto com o padre João Moreira juntaram o seu próprio dinheiro ao das esmolas angariadas e compraram, em 1754, umas casa velhas que após demolidas dariam lugar ao nascimento de uma igreja em honra da Nossa Senhora. Assim as obras começaram a 8 de setembro de 1756 ficando concluídas três anos depois sendo a igreja benzida a 8 de dezembro dia em que a igreja celebra a Nossa Senhora da Conceição. Esta igreja cedo se mostrou pequena para tantos devotos, pelo que a Irmandade do Terço resolveu amplia-la. Tempos mais tarde outras Irmandades se lhe foram juntando, aumento quer o número de devotos como a devoção mariana, que aos Domingos e dias santos era acrescida de uma procissão que percorria as ruas circundantes, isto permaneceu assim até 1820. Do edifício em si salientamos a fachada, que está decorada com elementos de estilo rococó, o remate da frontaria, como os alçados e as molduras do interior têm tradição italianas mas é a Nasoni que pertence o janelão central rodeado por um terço, cujo crucifixo está da parte de cima. A rematar a fachada um amplo frontão, recortado e ornado com grinaldas, sobre a qual se ergue uma cruz, ladeada por volutas e com fogaréus nos extremos. O interior da igreja é composto por uma só nave, coberta por uma abobada de tijolo e é forrada por azulejos de relevo amarelos e brancos, quatro altares separados por pilastras ladeiam a igreja sendo que à direita temos o de S. Francisco de Paula e o de Nossa Senhora das Dores e à esquerda o do Senhor Jesus e o da Nossa Senhora da Conceição. No altar-mor bandas de grinaldas de rosas, de estilo rococó, entrelaçadas em espiral incorporam o retábulo. No século XIX foi acrescentado um painel bem expressivo da devoção mariana: Nossa Senhora do Terço, sentada com o menino e rodeada de anjos, pendendo das mãos de todos terços.

 Rua Cimo de Vila; 4000 Porto


Igreja de Santo Ildefonso (P3) 
A Igreja de Santo Ildefonso fica situada no início da rua com a mesma designação e destaca-se pelos maravilhosos painéis de azulejo com os quais revestiu a sua fachada. Reconstruída a partir de 1730, por se encontrar em ruínas a primeira igreja, ficou concluída em 1737. A fachada é composta por duas torres sineiras com dentilhões nas cornijas, rematadas em cada face por esferas e frontões de fantasia. Por cima do entablamento ergue-se o nicho do padroeiro. Guarnecem as paredes azulejos de Jorge Colaço (1932), com cenas da vida de Santo Ildefonso e alegorias da Eucaristia. A nave é de tipo poligonal em estilo proto-barroco, é modesta, com teto em madeira e estuques ornamentais repetidos nas paredes. Nestas existem dois grandes quadros emoldurados em estilo rococó. Os altares laterais são obras neo-clássicas e os colaterais são de talha rococó. Bons estuques ornamentais nas paredes e no teto, aberto em lanterna. No alto das paredes, duas tribunas com grades entalhadas e douradas. Retábulo em talha barroca e rococó da segunda metade do século XVIII.
                                                                                              

Café Majestic (P4)   
Considerado um dos mais belos e significativos exemplares de Arte Nova do Porto, o Café Majestic abriu as suas portas ao público em dezembro de 1921 - com o nome Café Elite - definindo-se, desde o início, como "café-tertúlia", espaço de reuniões de escritores, pintores, e muitas outras personalidades ligadas às artes e espetáculos. Foi no ano seguinte à inauguração que a sua denominação foi alterada para o nome "Majestic", de reminiscências francesas, numa intenção de reportar a clientela à vida boémia parisiense.
O edifício, situado em plena baixa portuense, foi traçado pelo arquiteto João Queirós, autor de outras obras ligadas à vida cultural da cidade, como o cinema Olympia, apresentando uma imponente fachada de mármore e portadas madeira, envidraçadas, que permitem grande abertura para o interior. Marcada pela divisão que a própria disposição das portas proporciona, a fachada é decorada por um conjunto de grinaldas vegetalistas e figuras fantásticas, como os mascarões laterais e os "meninos silvestres", que convidam os transeuntes a entrar. Um pequeno frontão contracurvado foi colocado sobre a entrada principal, e o conjunto da fachada é rematado por um friso onde se insere um medalhão com as iniciais do estabelecimento. O interior mantém a decoração de gosto Arte Nova, com elaboradas molduras de madeira e vidro, espelhos que pretendem aumentar visualmente o espaço da sala, candelabros de metal, figuras humanas, florões e máscaras. O pátio interior, feito em 1925 pelo mestre Pedro Mendes da Silva, pretendeu recriar um jardim de inverno, com pequena escadaria, onde se instalou um bar. A construção deste espaço deu origem a uma nova frente, aberta para a Rua Passos Manuel, que embora fosse edificada num estilo mais simples, próximo da Casa Portuguesa de Raul Lino, permitiu que o café passasse a ter, nesta fachada, uma pequena tabacaria. A elegância do edifício e do seu programa decorativo não salvaram o Majestic de, a partir da década de 60, entrar em progressiva degradação, que nos anos 80 quase se tornaria irreversível. No entanto, com novos proprietários, o café fechou em 1992 para ser totalmente restaurado e remodelado, numa campanha de obras que lhe devolveu a sua traça e magnitude originais, reabrindo as portas em julho de 1994.

  
Pérola do Bolhão (P5)
Mercearia tradicional, fundada em 1917, por António Rodrigues Reis. Aqui, vende-se queijo da serra, enchidos, frutos secos e caramelizados a granel, vinho, biscoitos regionais e bacalhau. A escassos metros da porta sul do Mercado do Bolhão, esta loja possui uma fachada arte nova, com azulejos que ilustram a rota das especiarias.



Capela das Almas (P6) 
A Capela das Almas fica situada, no coração da baixa portuense, fazendo esquina com a Rua Santa Catarina e a Rua Fernandes Tomás, a sua construção data dos princípios do séc. XVIII sendo que a simplicidade das suas linhas por pouco não mostram a sua grande beleza artística. Na fachada principal abre-se, a meio, uma porta, emoldurada e rematada, superiormente, por um frontão circular partido. No mesmo enfiamento e por cima desta, um janelão, também rematado, superiormente, por frontão circular. No tímpano, em amplo frontão triangular, fixa-se um brasão, bipartido, com as armas de S. Francisco, Chagas e de Santa Catarina, dentro de uma cartela rematada por uma coroa fechada. Nos extremos da cornija duas urnas e, ao centro, uma cruz de pedra. Separada por uma pilastra, à esquerda, ergue-se a torre sineira, em dois andares; o primeiro tem uma porta, ao centro, com uma pequena janela no seu enfiamento e, no segundo, quatro janelas sineiras rematadas por um varandim, com pirâmides aos cantos. A cúpula é rematada por uma cruz de ferro. " A capela tem dois corpos, sendo o segundo mais baixo, e sofreu obras de ampliação e restauro que modificaram o estilo original, em 1801. Data já do séc. XX (1929), todo o revestimento de azulejos do exterior, representando passos da vida de S. Francisco de Assis e de Santa Catarina, Santos adorados na dita capela. O altar-mor e os altares da nave são de estilo neo-clássico. Estes são dedicados a S. João e a Nossa Senhora da Conceição e a Nossa Senhora de Fátima, Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Dores, respetivamente à esquerda e à direita. O painel do altar-mor representa a Ascenção do Senhor. Em plinto, junto ao altar-mor, a imagem do Senhor Ressuscitado. À entrada, do lado esquerdo, podemos ver um painel de azulejos representando a imposição das Chagas a S. Francisco, à direita, as Almas, S. Francisco Santa Catarina. No janelão da fachada principal há um vitral, representando as almas (terceiro quartel do séc. XX). A imagem de Nossa Senhora das Almas é ainda do séc. XVIII, enquanto as outras são modernas. É no entanto de salientar a curiosa mistura de cenas da vida de Santa Catarina de Sienna com a de Santa Catarina de Alexandria, virgem e mártir, patente na fachada principal. A última vez que estes foram objeto de recuperação foi em 1982.


Mercado do Bolhão (P7)
Há cerca de dois séculos, o terreno onde foi erguido o típico "Mercado do Bolhão", naquele que é considerado como o verdadeiro epicentro da baixa portuense, mais não seria do que um lameiro pertencente à quinta aí existente, propriedade dos condes de S. Martinho, da qual restaram pouquíssimos vestígios. O nome pelo qual é largamente conhecido derivará, tanto das características do solo, quanto da existência, nas suas imediações, de uma bica designada, precisamente, de "Fonte do Bolhão". Apesar da Câmara Municipal do Porto o ter mandado construir logo em 1837, numa altura em que, por ordem do arquiteto e professor da Academia de Belas Artes do Porto, Joaquim da Costa Sampaio Lima (?-1864), se atribuíam os lugares no "Mercado Interno do Bolhão", foi apenas em 1851 que se iniciou a sua edificação no mesmo local onde já funcionava um mercado constituído por estruturas ainda demasiado precárias e transitórias, num momento em que uma das artérias mais movimentadas da cidade - a Rua Sá da Bandeira - começava a ser rasgada. Na verdade, existia, no local fronteiro, uma importante fábrica de estamparia e uma fundição, demolidas na sequência de um grande incêndio deflagrado nas suas instalações. E foi neste lugar que se ergueu uma série de edificações de caráter mercantil, em grande parte pertencente aos mais influentes industriais de Riba de Ave. Situado na freguesia de Santo Ildefonso, o mercado foi transformado no que é hoje pelo arquiteto António Correia da Silva em plena 1.ª Grande Guerra Mundial, entre 1914 e 1917, depois de, em 1910, o ante projeto do Eng.º Casimiro Barbosa ter sido aprovado. Foi, por conseguinte, levantado durante a primeira vereação republicana presidida pelo conhecido negociante portuense Elísio de Melo, a quem a cidade do Porto ficou a dever alguns dos seus mais arrojados projetos de urbanização (como a abertura da Avenida dos Aliados), entre os quais os próprios Paços do Concelho, também eles a merecerem um risco inicial daquele mesmo arquiteto. Ocupando todo um quarteirão, o "Mercado do Bolhão" apresenta planta retangular alongada, com linhas arquitetónicas e gramática decorativa de fundo neoclássico tardio, algo aproximado às do arquiteto José Marques da Silva (1869-1947), como a "Estação de S. Bento", não só na linguagem arquitetónica como na própria monumentalidade exibida que, no caso do mercado, será acentuada pelos torreões colocados nas esquinas. Ademais, o facto de ambos terem cursado em Paris poderá explicitar a forte influência exercida pela denominada arquitetura da École de BeauxArts nas suas respetivas opções estéticas.
Entra-se no interior do edifício pela fachada principal voltada a Sul que ostenta, a rematá-la, um frontão com um brasão ladeado por esculturas de pedra atribuídas a Bento Cândido da Silva, personificando o comércio e a agricultura. Desenvolvido, basicamente, em torno de um chafariz com quatro bicas, o mercado apresenta dois pisos interligados por diversas escadarias, além de um amplo pátio central subdividido em dois espaços exteriores através de uma galeria coberta, construída já nos anos quarenta.




P8/P9 (Igreja da Trindade / Palacete dos Viscondes de Balsemão)


Igreja da Trindade (P8)
A Igreja da Celestial Ordem Terceira da Santíssima Trindade fica localizada na Rua da Trindade, por de trás do edifício da Câmara Municipal do Porto. A construção desta igreja deparou-se com múltiplos conflitos entre os frades de S. Domingos e os membros da Ordem Terceira, de tal modo que Roma teve que decretar a extinção da Ordem terceira de S. Domingos e a instituição da Arquiconfraria da Santíssima Trindade da Redenção dos Cativos. No entanto a dita igreja lá se foi construindo durante todo o século XIX. O projeto sofreu várias alterações durante a execução, mas foi aberta aos devotos a 5 de junho de 1841, ainda sem capela-mor. Ficando concluída apenas em 1892 por falta de fundos e por novas discordâncias quanto à colocação do transcepto do zimbório. A Igreja reflete o gosto pelo estilo neoclássico.
A frontaria igreja é de tipo clássico erguendo-se no cimo de uma larguíssima escadaria, dividindo-se em dois corpos. O primeiro abre-se em três portas de arcos plenos, cada um encimado por uma cartela. Na porta central pode ser destacado o Brasão da Ordem Celestial rematadas pela coroa real. A rematar a fachada existem dois áticos balaustrados, nos extremos dos quais estão as estátuas de S. João de Mata e a de S. Félix de Valois. No centro da fachada está a torre, dividida em três corpos: um embasamento que inclui o relógio, o corpo das janelas sineiras e uma pirâmide, ladeada por urnas. É de referir que os sinos desta igreja foram oriundos da torre dos Congregados, entretanto destruída e que constituíram uma doação de Rainha D Maria II. No interior, as paredes da nave são ocupadas por capelas de arcos plenos, decoradas com retábulos neoclássicos, com tribunas sobrepostas. Tem planta de cruz latina simples, vasta e com a mesma altura na nave, no cruzeiro e na capela-mor, tudo coberto com abóbadas de tijolo. Esta imponente igreja é ladeada pelo hospital da Ordem da Santíssima Trindade.

  
Palacete dos Viscondes de Balsemão (P9)
Palacete dos Viscondes de Balsemão, estilo barroco, é um solar brasonado situado no lado norte da Praça de Carlos Alberto, na proximidade do Monumento aos Mortos da Grande Guerra, da Estátua do General Humberto Delgado e do Teatro Carlos Alberto. Foi construído na segunda metade do século XVIII e profundamente alterado nos dois séculos seguintes. Mandado erigir por José Alvo Brandão Coutinho Perestrelo Pereira da Azevedo, entrou na posse da família Balsemão pelo casamento de D. Maria Rosa com Luís Máximo Alfredo Pinto de Sousa Coutinho. Por volta de 1840, foi arrendado a António Bernardino Peixe, que nele reinstalou uma prestigiada hospedaria, célebre por ter acolhido o Rei Carlos Alberto de Sardenha em 1849, aquando do seu exílio no Porto. Em 1854, o 1.º Visconde da Trindade comprou o palacete e remodelou-o. Após a morte da sua viúva, em 1895, o imóvel passou para a posse da filha de ambos, D. Josefina Henriqueta Sousa Basto. De 1907 até à Primeira Grande Guerra (1914-1918), o edifício foi sede da Companhia de Gás do Porto. Mais tarde, em 1988, recebeu os Serviços Municipalizados de Gás e de Eletricidade e a EDP. Atualmente, acolhe a Direção Municipal de Cultura e Turismo da Câmara Municipal do Porto, aqui instalada em 1996. Mantém os tetos decorados com estuques, pintura e caixotões, as portas de correr com vidro colorido e medalhas e placas comemorativas de visitas ilustres.


P10/P11/P12/P13/P14/P15/P16   (Igreja do Carmo / Igreja das Carmelitas /  Instituto Abel Salazar / Hospital de S. António / Reitoria da Universidade do Porto / Livraria Lello / Edifício Nº75-79, Rua Cândido dos Reis)









Igreja do Carmo (P10)
A Igreja do Carmo ou Igreja da Venerável Ordem Terceira de N.ª Sr.ª do Carmo, localiza-se no cruzamento entre a Praça Carlos Alberto e a Rua do Carmo, nas proximidades da Igreja e Torre dos Clérigos, na freguesia Portuguesa de Vitória, cidade do Porto. De estilo barroco/rococó, foi construída na segunda metade do século XVIII, entre 1756 e 1768, pela Ordem Terceira do Carmo, sendo o projeto do arquiteto José Figueiredo Seixas. A construção do hospital começou mais tarde, ficando concluído em 1801. A fachada de cantaria, ricamente trabalhada, possui um portal retângular, ladeado de duas esculturas religiosas dos profetas Elias e Eliseu executadas em Itália, rematado por um amplo frontão e no corpo superior da frontaria, coruchéus e esculturas das figuras dos quatro Evangelistas, revelando influências do estilo “barroco Italiano” criado por Nicolau Nasoni. A fachada lateral da Igreja do Carmo está revestida por um grandioso painel de azulejos, representando cenas alusivas à fundação da Ordem Carmelita e ao Monte Carmelo. A composição foi desenhada por Silvestre Silvestri, pintada por Carlos Branco e executada na fábrica da Torrinha, em Gaia e datados de 1912. No interior da Igreja do Carmo, destaca-se a excelente talha dourada nas capelas laterais e no altar-mor, a estatuária e diversas pinturas a óleo



Igreja das Carmelitas (P11)
O nome desta igreja remonta ao tempo em que este edifício pertencia ao convento dos Carmelitas Descalços. A conclusão da sua construção data de 1628, no entanto as obras de acabamentos só se findam em 1630. Construída em granito, a fachada do templo é constituída por dois andares coroada por um frontão triangular. No primeiro piso podemos admirar as imagens de Nossa Senhora do Carmo, S. Domingos e Sta. Teresa de Jesus, colocados em nichos por cima dos três arcos separados por pilastras dóricas que constituem as entradas exteriores. No segundo piso três janelas igualmente separadas por pilastras suportam o frontão triangular que remata a fachada. Uma só nave forma o interior do templo, com seis altares laterais embutidos em arcos cujos retábulos são de talha dourada, revelando o estilo barroco que dominou o Porto de então. A nave, em forma de abobada, é também decorada com talha dourada. A capela-mor e o retábulo são em talha barroca datados de 1622. Nas paredes laterais da igreja temos o prazer de contemplar algumas pinturas seiscentistas. Por lá muito escondida, por trás da capela-mor temos a sacristia onde se encontra uma tela representativa da morte de Santa Teresa de Jesus.


Instituto Abel Salazar (P12)
O edifício da Escola Médico-Cirúrgica desenhado pelo Arqº Joaquim Vaz de Lima está situado em frente ao Largo Professor Abel Salazar. Foi inaugurado em 1883 e em 1925 optou-se pela ampliação, segundo projeto dos Arqºs Baltasar de Castro e Rogério de Azevedo. A obra ficou concluída dez anos depois, correspondendo ao que é hoje o edifício principal. O ICBAS encontrou-se aqui instalado desde a respetiva criação, em 1975.

Hospital de S. António (P13)

O Hospital de Santo António, no Porto, foi construído pela Misericórdia, após obter autorização régia para substituir as antigas instalações da Rua das Flores, datadas do século XVII. Foi D. José quem nomeou o governador João de Almada, parente do Marquês de Pombal, superintendente da obra do novo hospital. A intenção de recorrer a um arquiteto inglês foi muito provavelmente determinada pelo cônsul inglês no Porto, John Whitehead, pessoa bastante influente e ele próprio arquiteto autodidata. A escolha de John Carr, amigo de infância de Whitehead e um dos mais importantes arquitetos ingleses da altura (representante da escola neopalladiana), para assumir a autoria do projeto representa uma significativa alteração da prática e da cultura arquitetónica da cidade. Um gesto assumido contra o estilo barroco, numa altura em que o seu representante máximo na cidade, Nicolau Nasoni, era ainda vivo. Esta tentativa de recuperação do classicismo da renascença e da antiguidade clássica, respondia ao espírito iluminista e racionalista, caro aos governantes da altura (saliente-se que o Marquês de Pombal fora embaixador em Londres e estava já familiarizado com este estilo). Este retorno a Palladio, por influência da poderosa colónia inglesa do Porto, representa o eclodir do estilo neoclássico em Portugal. O Reverendo Henry Hood, capelão da colónia britânica do Porto, serviu como intermediário entre o dono da obra e o projetista. Em outubro de 1769 John Carr envia para o Porto o projeto definitivo do novo hospital (um enorme edifício retangular com quatro imponentes fachadas), constituído por um conjunto de elementos desenhados assim como por uma extensa memória descritiva. Nesse mesmo ano o projeto foi aprovado pelo governador João de Almada assim como pelo próprio Marquês de Pombal, sendo então efetuado o seu pagamento. Em julho de 1770 foi lançada a primeira pedra, tendo os trabalhos iniciado pela ala sul voltada ao rio. Este corpo requereu um grande aterro do terreno e a construção de um muro para suporte de parte da Rua da Restauração, sobranceira ao vale das Virtudes. Esta fase da obra durou apenas quatro anos, tendo sido suspensa devido a problemas de índole financeira. Um novo avanço permitiu que em 1799 se fizesse já a então transferência de doentes do antigo hospital da rua das Flores. De 1807 a 1824 verificou-se nova paragem, desta vez determinada pela instabilidade criada aquando das invasões napoleónicas e, só entre 1824 e 1832 as obras puderam prosseguir. Projetado sem vistoria do terreno e pensado por John Carr para ser construído em tijolo, a obra de alvenaria apresentou custos acrescidos que se tornaram incomportáveis para a Misericórdia, determinando a interrupção definitiva da obra. Integralmente concluída ficou somente a fachada nascente; as alas norte e sul pouco ultrapassam metade da dimensão prevista e a igreja (com planta de cruz grega), que ocupava o centro do conjunto, não chegaria a ser construída. Formando um amplo quadrilátero em torno de um pátio, o edifício apresenta aspeto sóbrio e severo pela grande simplicidade e clareza dos volumes nos quais as ordens clássicas reassumem uma função estrutural dum ponto de vista figurativo. A fachada principal, com dois pisos e 177 metros de comprimento, articula-se em cinco corpos que definem outros tantos planos. O piso inferior ostenta aparelho rusticado enquanto o superior é de alvenaria lisa. O remate é assegurado por uma balaustrada com urnas. O corpo central, ligeiramente saliente, é composto por um pórtico com seis colunas dóricas e rematado por frontão. Os corpos intermédios são recuados e têm novamente frontões de remate. Os pavilhões de remate da fachada apresentam, no andar nobre, um balcão central com entablamento coroado por uma estátua.




Reitoria da Universidade do Porto (P14)
A Reitoria da Universidade do Porto é um edifício histórico situado na Praça de Gomes Teixeira, na cidade do Porto. É um edifício retangular de estilo neoclássico, inicialmente destinado a Academia Real de Marinha e Comércio. O projeto inicial é da autoria de Carlos Amarante e data de 1807. Durante o período das invasões francesas e das guerras liberais as obras do edifício avançariam muito lentamente. A construção inacabada serviu de hospital durante o cerco do Porto (1832-33). Em 1833 o projeto foi remodelado por J. C. Vitória Vila-Nova. As obras continuaram e o projeto inicial ainda sofreu duas grandes remodelações, em 1862, por Gustavo Gonçalves e Sousa, e em 1898, por António Araújo e Silva.


 
Livraria Lello (P15)
A Livraria Lello surgiu em outubro de 1930, no Porto, quando foi mudada a designação da Livraria Internacional Chardron, que havia sido fundada em 1869 pelo francês Ernesto Chardron, na Rua dos Clérigos. Chardron, que era também editor, faleceu com 45 anos e a Livraria Internacional foi comprada pela Lugan & Genelioux Sucessores. A 30 de junho de 1894, já após a morte de Genelioux, Mathieux Lugan vendeu a Livraria Chardron a José Pinto de Sousa Lello, que tinha por associado um irmão. Até aos dias de hoje, a livraria esteve sempre na posse da família Lello. A 13 de janeiro de 1906 foi inaugurado, na Rua das Carmelitas, o edifício, internacionalmente famoso, que ainda hoje alberga a Livraria Lello. Esta inauguração, para além de muita badalada em Portugal, foi também referida na imprensa do Brasil. No dia da inauguração do edifício, marcaram presença personalidades das artes, do ensino, do comércio e da política, como Guerra Junqueiro, Abel Botelho, Bento Carqueja, António Arroio, Júlio Brandão, José Leite de Vasconcelos, entre outros.
Este edifício, em estilo neogótico, com escadaria de madeira trabalhada, uma fachada com um arco amplo e uma janela tripla, tornou-se um ex-líbris da cidade do Porto. Na fachada há duas figuras pintadas, da autoria de José Bielman, uma representando a Arte e a outra a Ciência. No interior há uma sala grande onde está a já referida escadaria que dá acesso ao primeiro piso, onde também existe um café com mesas para os leitores. O espaço da livraria está decorado com pilares com bustos de Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Tomás Ribeiro, Teófilo Braga e Guerra Junqueiro, assinados por Romão Júnior. Há ainda um vitral com o símbolo da Lello & Irmãos com a divisa "Vecus in Labore". O edifício foi desenhado pelo engenheiro Xavier Esteves e veio ser classificado como património nacional.Em finais de 1994, a livraria, entretanto renomeada Lello & Irmão, foi restaurada, respeitando a traça original, interior e exterior, passando por uma grande modernização para adaptar o espaço às necessidades da época. A Livraria Lello passou a ter um fundo bibliográfico de 60 mil títulos, um ficheiro informático nacional e internacional, uma secção de revistas, uma de música e uma de livros antigos. Foi também criada uma galeria de arte permanente.


Edifício Nº75-79, Rua Cândido dos Reis (P16)
Prédio constituído por rés do chão, destinado a loja, e dois andares principais, aos quais se acrescentam dois pisos recuados e amansardados. Localiza-se numa rua do centro histórico do Porto, em área predominantemente comercial, hoje restituída à cidade como rua pedonal. É um exemplar típico de arquitetura urbana Arte Nova, datado do início do século XX, e enquadrado de resto por prédios da mesma época, ou da centúria anterior. O estilo Arte Nova não deixou muitas construções na cidade, sendo que este singelo edifício é comparável principalmente a outro, com maior monumentalidade, no número 28 da Rua da Galeria de Paris, paralela à Cândido dos Reis; em ambos é possível encontrar, a nível dos vãos e caixilharias, um tratamento particularmente coerente e unitário que lhes concede bastante interesse. A fachada é muito regular, com três vãos rasgados em cada piso. No rés do chão, os vãos são emoldurados por cantarias simples, de ângulos arredondados, o da esquerda destinado à porta que dá acesso aos pisos, e o central, mais largo, com o da direita, pertencentes à loja aí instalada. O primeiro andar, tratado como piso nobre, possui uma janela tripla, onde a central é novamente mais larga, e de sacada, com varanda semicircular resguardada por grades em ferro forjado. Os vãos são unificados através de uma estrutura de ferro de desenho elaborado, figurando requintados motivos vegetalistas. No segundo andar abrem-se três janelas isoladas, dando para uma única varanda correndo toda a largura da fachada. A grade de ferro exibe um complexo tratamento naturalista, com arabescos semelhantes a uma delicada teia de ramagens, e toda a varanda se apoia, em cada extremidade, sobre dois mascarões com a função de gárgulas, para escoamento das águas. Sobre cada janelão ergue-se um longo florão estilizado, e os caixilhos das portadas envidraçadas, aqui tal como no primeiro andar, são decorados com curvas harmoniosas. A rematar a fachada sobressai uma cornija de lançamento côncavo e molduras retas, pintada com laçarias e arabescos, e pontuada pelos florões das janelas imediatamente abaixo. As mansardas, em dois andares recuados, são provavelmente posteriores. No interior do edifício conservam-se ainda alguns tetos de estuque trabalhado, mosaicos e caixilhos originais. Ainda que se desconheça o autor do traçado, é talvez de considerar a influência da obra de Victor Horta, arquiteto belga fundador do movimento da art nouveau, presente sobretudo na utilização de janelas divididas, de moldurações em ferro, de arestas suaves e arredondadas; esta consideração justifica-se principalmente se considerarmos a grande influência francesa no desenvolvimento deste estilo em Portugal. 


P17/P18/P19 (Igreja da Misericórdio do Porto / Estação de S. Bento / Igreja dos Congregados)
















Igreja Nossa Senhora da Misericórdia do Porto (P17) 
Por desejo expresso de D. Manuel, a Confraria de Nossa Senhora da Misericórdia nasceu na cidade do Porto em 1502, tendo sido instituída na capela de Santiago no claustro velho da Sé. Mais tarde, em meados do século, a Confraria inicia o processo de construção de uma igreja própria, na Rua das Flores. No entanto, esta só ficaria totalmente concluída em janeiro de 1590, data em que o mestre pedreiro Manuel Luís deu por terminada a construção da capela-mor, cujo risco havia sido da sua responsabilidade. O esquema de abóbada seguido pelo arquiteto neste espaço filia-se, embora com dimensões bem mais reduzidas, no esquema que deu origem à capela-mor do Mosteiro dos Jerónimos, realizada por João de Ruão entre 1565 e 1572. Cerca de quarenta anos foi o período que demorou a construção da nova igreja. Verificaram-se algumas demoras e é provável que a falta de verbas tenha contribuído para tal, sendo que a capela-mor só foi concluída graças à herança deixada por D. Lopo de Almeida, figura de grande significado no contexto assistencial portuense. No entanto, a qualidade da construção e os consequentes problemas estruturais ditaram uma profunda intervenção de remodelação e restauro, já no decorrer do século XVIII. Para tal, a Misericórdia consultou diversos técnicos, entre os quais Nicolau Nasoni, que acabaria por conceber a fachada e o arco que sustenta o coro, intervindo ainda, muito possivelmente, na planta da igreja, que se pensa ter sido desenhada pelo Engenheiro Manuel Álvares Martins, responsável geral da obra. Do edifício original conservou-se apenas a capela-mor. Da fachada de Nasoni resulta um notável exercício de cenografia, que tira partido da topografia sinuosa das ruas envolventes, por forma a maximizar o efeito e a importância da fachada, e aproveita os valores de claro-escuro jogando com a luminosidade portuense que tão bem soube compreender (REAL, 1993, p. 53). Trata-se de uma fachada simples, cujo esquema de dois andares se aproxima daquele que foi empregue por si próprio na igreja dos Clérigos, mas que, embora mantendo um vocabulário barroco deixa antever, nas "linhas finas e sinuosas", a influência do rococó (SMITH, Robert, 1967; ALVES, 1989, p. 309). Do interior, de gosto neoclássico datado do século XIX, destaca-se o guarda vento de talha rococó. O retábulo original, pintado por Diogo Teixeira no final do século XVI, desapareceu, restando apenas três tábuas - Anunciação, Visitação da Virgem e Natividade. Executado com as verbas testamenteiras de D. Lopo de Almeida, este retábulo segue, na tábua da Adoração, o modelo do retábulo de Torres Novas do mesmo autor, mantendo as figuras alteadas e a beleza idealizada características da obra de Diogo Teixeira. Destaque ainda para a conhecida pintura Fons Vitae oferecida por D. Manuel à Misericórdia, que, embora de autor desconhecido, não deixa de apontar claramente para a sua filiação na pintura norte-europeia de quinhentos  


 


Igreja dos Congregados (P19) 

Situada na freguesia portuense de Santo Ildefonso, a Igreja dos Congregados nasce nos finais do século XVII aproveitando uma capela anterior, iniciada em 1662, e que se destinava a sede da Confraria de Santo António de Lisboa. Esta confraria doara, anteriormente, ao município portuense o terreno da capela, com a condição da câmara erguer o edifício religioso e proceder à feitura do retábulo-mor. A capela seria terminada em 1680, mas a confraria antoniana nunca viria a instalar-se nela, já que a câmara procedeu à sua doação, mediante condicionantes, a favor dos padres da Congregação de S. Filipe Nery dos Clérigos Reformados do Oratório. Assim, em 1694 arrancava a construção da nova Igreja e dependências conventuais dos Congregados, empreendimento terminado próximo do ano de 1703. A liberal extinção das ordens religiosas em 1834 conduziu à venda do cenóbio, torre e sacristia a um particular. Profanada a sua igreja e destinada a outros fins menos próprios, a igreja foi, em 1836, novamente entregue à Confraria de Santo António de Lisboa. Pouco tempo depois, já consagrado, o templo dos Congregados abriria ao culto. No entanto, as dependências conventuais não subsistiram até aos nossos dias. Concebida dentro do austero e imponente barroco dos finais do século XVII, a fachada dos Congregados é dividida em dois pisos. O primeiro piso, em silharia aparelhada, apresenta a porta principal formada por arco de volta perfeita assente em pilastras terminadas por pirâmides com esferas, sobreposto por frontão curvilíneo interrompido, tendo ao centro um escudo coroado com um monograma Mariano. Ladeando o portal estão duas janelas gradeadas, de verga reta e remate superior em frontão curvo. No piso superior, ritmados por pilastras toscanas, rasgam-se três janelões emoldurados por cartelas e rematados por frontões curvos nos dois laterais, enquanto o central é de configuração triangular. Imponente e ressaltado frontão triangular forma a empena da igreja, rematado por uma cruz latina. No seu tímpano inscreve-se um movimentado nicho axial de linhas curvas, onde se insere uma escultura de Santo António. Os panos parietais do piso superior e do tímpano são cobertos por modernos azulejos, da autoria de Jorge Colaço e alusivos à vida de Santo António, expressando ainda diversos símbolos eucarísticos. As janelas da fachada apresentam vitrais realizados por F. Mendes de Oliveira e fabricados, em 1929, localmente na Fábrica Antunes, versando temas marianos e cristológicos. O interior do templo é constituído por uma só nave coberta por abóbada de tijolo, sustentada por duplas pilastras dóricas. Sobre a entrada desenvolve-se o coro fechado por balaustrada em jacarandá, assente em três arcos suportados por colunas jónicas. A abóbada e as paredes laterais da nave estão pintadas com motivos barrocos contrastantes em claro-escuro. Dois altares - de Santo António e de N. Sra. Auxiliadora - estão colocados sob o coro da entrada. Lateralmente, nas paredes da nave, abrem-se nichos retabulares ao gosto da estética neoclássica. Na cabeceira, os retábulos colaterais são em talha dourada, obra setecentista de transição do barroco pleno para o "rocaille" - bem assim como a sanefa do arco triunfal -, contendo algumas imagens sagradas de madeira e diversas relíquias de santos. A capela-mor encontra-se mergulhada na penumbra, isto apesar do lanternim construído no topo da sua abóbada. As suas paredes apresentam pilastras jónicas delimitando dez modernas pinturas de Acácio Lino, alusivas à vida de Santo António. O retábulo-mor inscreve-se na arte neoclássica oitocentista, contendo as esculturas de Santo António, S. Filipe Nery e ainda a tela Assunção da Virgem, da autoria de João Batista Ribeiro. O frontal de altar e a sua banqueta são de prata, encomenda executada em meados de Oitocentos. Destinados aos membros da confraria antoniana é o cadeiral do século XIX, concebido em pau preto.